Da juncao das memorias e experiencias anteriores com o momento atual se configura o ser presente, carregado de suas referencias pessoais. Estreitando o foco para o campo das vivencias corporais, afetivas e psicologicas que já nao fazem parte do cotidiano do ser presente e das quais ele pode vir a sentir falta em decorrencia de varios fatores como a passagem de tempo ou por uma mudanca de hambiente- como no meu caso; constitui-se um dos objetos de estudo deste projeto. Escolho nomear este sentimento de falta que se pronuncia no corpo e na mente do ser presente de “saudade”.
Para um melhor entendimento do conceito e da etimología da palavra “saudade”, recorri a uma pesquisa rápida na internet, tendo como fonte o site Wikipedia – A enciclopédia Livre. Vejamos o resultado(os grifos sao por minha conta):
Saudade
Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular, "saudade", só conhecida em galego-português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar".
Diz a lenda que foi cunhada na época dos Descobrimentos e no Brasil colônia esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou ações. Provém do latim "solitáte", solidão.
Uma visão mais especifista aponta que o termo saudade advém de solitude e saudar, onde quem sofre é o que fica à esperar o retorno de quem partiu, e não o indivíduo que se foi, o qual nutriria nostalgia. A gênese do vocábulo está directamente ligada à tradição marítima lusitana.
Recentemente, uma pesquisa entre tradutores britânicos apontou a palavra "saudade" como a sétima palavra de mais difícil tradução.
Pode-se sentir saudade de muita coisa:
• de alguém falecido.
• de alguém que amamos e está longe ou ausente.
• de um amigo querido.
• de alguém ou algo que não vemos há imenso tempo.
• de alguém que não conversamos há muito tempo.
• de sítios (lugares).
• de comida.
• de situações.
• de um amor
A expressão "matar a saudade" (ou "matar saudades") é usada para designar o desaparecimento (mesmo temporário) desse sentimento. É possível "matar a saudade", e. g., relembrando, vendo fotos ou vídeos antigos, conversando sobre o assunto, reencontrando a pessoa que estava longe etc. "Mandar saudades", por exemplo no sul de Portugal, significa o mesmo que mandar cumprimentos.
A saudade pode gerar sentimento de angústia, nostalgia e tristeza, e quando "matamos a saudade" geralmente sentimos alegria.
Em Portugal, o Fado está directamente associado com este sentimento. Do mesmo modo, a sodade cabo-verdiana está intimamente ligada ao género musical da morna.
Em botânica
Em botânica, "saudade" é o nome vulgar de várias plantas da família das Dipsacáceas e das Compostas, como as saudades-brancas, que aparecem nos campos e nas vinhas do Sul de Portugal, e é também conhecida por suspiros-brancos-do-monte, as saudades-perpétuas, cultivadas no Sul de Portugal e as saudades-roxas (plantas da família das Dipsacáceas, que aparecem nos terrenos secos e pedregosos, também conhecidas por suspiros-roxos).
Nota-se que o conceito de “saudade” está diretamente ligado ao conceito de memória. Para que esse sentimento se instaure é necessária a memória de tal “pessoa, coisa, estado ou açao”. A memória traz ao momento presente, que em si carrega informacoes e referencias passados para a eminencia de um porvir, ao qual se reconhece e se entende a partir dessas informacoes armazenadas anteriormente. Assim se instaura esse sentimento: no momento em que o indvíduo segue através da memória o fio que o conecta aos possiveis objetos de desejo que lhe despertam tais sensacoes. Nessa mesma direcao, Luciana Paludo em sua dissertacao de mestrado em Artes Visuais, nos aponta caminhos e cita referencias teóricas para melhor entendimento da mecanica cuja a acao resulta no acesso as informacoes e referencias do passado:
(…)Na proposição de averiguar a origem de configurações próprias, percebe-se o quanto “origem” é um conceito ambíguo, quando se entende coisas e fatos do mundo como marcos sucessivos, onde o presente é apenas um momento fugaz que traz consigo o ocorrido no passado e aponta a um porvir, que se pronuncia a partir desses traços. Didi-Huberman auxilia esse pensamento: (...) Portanto, o passado se dialetiza na protensão de um futuro, e dessa dialética, desse conflito, justamente surge o presente emergente”.
Do confronto entre o presente emergente e este passado potencial é que surge a saudade, visto que alguns tracos reconhecidos neste passado, nao fazem mais parte do momento atual. É quase como se a necessidade de REPROCESSAR cada um dos possiveis objetos de sua saudade, faca com que a memória reveja, repratique e revisite esses objetos no passado para suprir essa carencia do presente emergente.
Conversando sobre este estudo com Diego Mac, diretor artístico do Grupo Gaia, que está a frente do projeto Reprocessamentos Coreográficos, surgiu a seguinte frase:
“A saudade é uma esteira de reciclagem.”
A frase, depois de proferida, foi publicada no blog do projeto Gaiano e Joao Natividade, outro artista de Porto Alegre que integra o projeto, respondeu com o seguinte comentário:
“A arte de lidar com o passado e com o futuro, saudades e objetivos se formalizam como a linha de caminhar.
Conversando com botões alheios:
No caso em meus posts anteriores trabalhei sobre o termo saudade, sendo a saudade um tipo de FALTA. A falta e consequentemente a saudade agem de forma curiosa, como sendo um imã . A falta atrai dados, lembranças, objetos, ilusões para tapar seu 'buraco'. Com a intenção de sermos completos e nos aperfeiçoarmos estamos em um constante recapeamento de nossa estrada da vida, sempre tentando tapar os buracos, preencher as faltas, matar as saudades. Aí vejo o processo de reclicagem aparecer.
Reciclamos 'as coisas' para seguir caminhando com elas em busca de nossos objetivos pois vemos nelas alguma essência ou fundamento de nós mesmos. Este processo acarreta nossa constante reciclagem, de nossas saudades que cada vez são mais perfeitas (haja vista que são compostas cada vez mais de ilusão do que do próprio dado).”
Links que se estabelecem, fios de entre obras e artistas que se tensionam. Disso se nutre esse processo. Do que é meu, do que já foi, do que é de outros e agora também é meu. E assim vamos reciclando, re-significando, reprocessando, amarrando, esquartejando, desossando a carne e a memória.
us
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